Saturday 1 September 2007

NEPAL

mali


Uma vez em Katmandú, a ideia inicial era entrar no Tibete pela única fronteira entre o Nepal e a China. Após uma pesquisa intensa, averiguou-se que a fronteira estava fechada a viajantes individuais, devido a problemas de ordem política, isso era a justificação oficial. Mas mais provavelmente, por problemas causados por viajantes anteriores, que interferiram nas políticas internas chinesas de administração da região ocupada. Por causa de uns pagam outros.



a estrada depois de Jiri
Isto são mecanismos para levar os turistas ou os viajantes a formarem grupos de quatro pessoas, no mínimo, que já são aceites pelas autoridades chinesas, obviamente por serem mais fácil de controlar do que individuais. Aos grupos são atribuídos, pelas agências de viagens, um guia, um Land Rover, a preços exorbitantes, é claro. E o guia está encarregue de não dar muita liberdade de movimento, a fim de ninguém se intrometer nos assuntos considerados internos por Pequim. Bem tentei me colar a um grupo de americanos, que estava na embaixada chinesa, mas os americanos não estavam a fim.



sete
Pús de parte a hipótese tibetana, por impraticabilidade, e decidi ver as montanhas de neve de mais perto. Pela pouca informação que levava comigo, a melhor opção e o mais perto que se conseguia, chamava-se Jiri. Jiri era o ponto de partida, antes de construírem o aeroporto de Namche Bazaar, das expedições ao Everest.



De Jiri, consegue-se uma caminhada de 20 e poucos dias para o campo base nº5 do Everest, ou seja o sopé da montanha. Hillary, o primeiro a conseguir o topo do Everest saíu de Katmandú, faltam-me os números mas deve-se contar à vontade com mais de um mês de marcha. Hoje em dia, o aeroporto de Namche Bazaar, situado perto da montanha, corta com essa caminhada inicial, e proporciona uma base aérea para as expedições ao cume mais alto do mundo.



Em Jiri, travei conhecimento com Yves, viajante de nacionalidade belga, que andava por lá meio perdido. Contou-me que tinha arrancado para o dito trajecto com um guia nepalês, que lhe tinha pedido o dinheiro adiantado. Aconteceu que ao fim de uns dias de marcha, o sujeito tinha gasto o pagamento todo em copos, pagando rodadas a conhecidos que encontrava nas diferentes etapas.



Teve que voltar para trás por que não quis lhe pagar mais. Foi nesta altura desesperada que o encontrei.
Após conversar, decidimos fazer-nos à “estrada” sem guia. Deixámos parte do peso das mochilas entregue, e seguimos pelo mesmo caminho que ele tinha tomado.



lamajura (3500)
O primeiro dia é o mais difícil, pode-se considerar o período de aquecimento. Lembro-me de ver o Yves à minha espera no fim da subida, na nossa primeira etapa em Deurali, o desfiladeiro que dava para outra região, para Bandar.



A caminhada, o trekking, pode ser comparado a um emprego, acorda-se, e começa-se às 8h a caminhar, isso até as 17, 18h, quando apetecer, e depois de decidido democraticamente. Afinal, só fiquei atrás no primeiro dia, a seguir fizeram-se sentir os copos e as cigarradas na Grand Place de Bruxelas. Desculpas, para quê?



deurali
Ficamos em Deurali na primeira noite, e no dia a seguir descemos até Bandar. Estava preocupado com os 3500m de Lamajura, mais à frente, mas quando chegámos lá, não passava de um desfiladeiro numa extensão plana de alguns quilómetros, sem grandes perigos. O lugar estava coberto de nevoeiro, ou melhor, estávamos com a cabeça nas nuvens.



A fim de compensar a perda da paisagem e a humidade do acontecimento, escolhemos um sítio pacato com almofadas grandes, tapetes, a fim de apreciar os guisados locais.
Caminhámos assim durante três dias, provando as especialidades locais, até Jumbesi, onde decidimos tirar um dia de folga.













bandar








jumbesi