Thursday 7 December 2006

CHINA

fujian
Província do Suleste da China. Em frente fica Taiwan e a China nacionalista. Marco Polo extasiava-se com os ricos portos. Os holandeses também. Os que negociavam com os portugueses foram decapitados. O negócio foi de curta dura. Gulangyu, ilha em frente a Xiamen, tem o trânsito automóvel proibido, anda-se a pé e ouve-se tocar piano por entre as mansões coloniais.

xiamen


A polícia interpela um sujeito de vestimentas muçulmanas. Europa tão longe. Não me lembro se tirei esta foto por causa disto. É provável. Um capacete colonial?

quanzhou


Composição com linhas dinâmicas e movimento. Uma favorita.
Agora a sério. O trabalho manual como só se vê no terceiro mundo, o esforço humano bruto pela dura sobrevivência na sua vertente mais dura e violenta, isto às vezes fede. Triste condição humana, o labor como meio de subsistência sem condições nenhumas, o homem é reduzido ao estado de besta de carga seminua. Em alguns sítios os operários ganham uma camada exteriora por cima da pele, que altera a cor de pele original, na Índia são os intocáveis, a casta mais baixa do sistema condenada às tarefas mais atrozes que se possam imaginar, aqui são mineiros ou operários migrantes ou não, sem função definida. No Fujian, passámos por sítios em construção, numa extensão sem precedentes, numa escala gigantesca, as obras maiores que alguma vez vi. Estradas, acessos, bairros, tudo sem maquinaria, à mão, milhares de operários, homens e mulheres, atravessámos aquilo durante horas a fio, à escala da China, a viagem parecia não ter fim. Chamei a esta parte o inferno na terra, pareceu-me que a província inteira estava em construção. A obra era de Pasolini e o mundo fedorento.

quanzhou


Em termos de fotografia, um enquadramento arrojado.
Algumas zonas na China industrial parecem subúrbios sem fim, zonas de prédios e mais prédios em mau estado ou sempre em construção ou ainda por acabar mas que nunca serão acabados. A Índia moderna é igual, o terceiro mundo cresce e moderniza-se sem que nada seja planeado, sem que nenhum cuidado seja tomado, cuidados estéticos, sanitários, uma anarquia que acabará por se autodestruir.

quanzhou


Mesmo assim, o cliché de que ainda existem bocado de paraíso é uma realidade. Gosto da paz e da calma que emana desta foto.

quanzhou


Outro enquadramento mais que tal, um primeiro plano que quase tapa a vista e outros acontecimentos na retaguarda. Acoontecem sempre muitas coisas ao mesmo tempo sem estar ligadas entre elas, é a minha teoria do caos.

gulangyu


O piano nas ruelas. Os melhores pianistas da China e alguns do mundo.

gulangyu


O ferry para Gulangyu.

gulangyu


congwu


O condutor do autocarro não tinha carta, foi apanhado pela polícia. Ficamos no meio da estrada, pendurados no meio de nada, a milhas de qualquer cidade.

congwu

No comments: