Tuesday 24 July 2007

NYIDRON

O testemunha de Nyidron:
Monja e ex-preso político.

Nyidron entrou para o mosteiro de Phenpo Podo em 1992. No entanto, não pôde ficar muito tempo por ter sido presa por oficiais da PSB por protestar contra o governo chinês, no dia 21 de Março de 1994, no Barkhor em Lassa. Foi então, sentenciada a cinco anos de prisão.

Segue-se o relato de Nyidron dado ao Centro Tibetano de Direitos Humanos e Democracia, à chegada a Dharamsala em 20 de Abril de 2004.

Nyidron sofreu a perda de dois dentes da frente, por causa de severo espancamento por parte dos guardas prisionais e foi posta em cela de detenção solitária por onze meses.

"A seguir aos protestos de 1 e 4 Maio, dos presos na prisão de Drapchi, fui chamada para o escritório da prisão e questionada sobre a pessoa chave que liderou os protestos. Não dei qualquer respostas. Depois dos protestos, muitos presos foram severamente espancados, postos em solitária, e a sentença aumentada. Eu, juntamente com outras oito presas políticas, fomos levadas para assistirmos ao julgamento de dois presos criminosos que foram condenados à morte. Os oficiais intimidaram-nos, dizendo que iríamos ter o mesmo destino se não mudássemos.

No fim de oito dias, todos os presos políticos atiraram as suas tigelas em protesto por não alimentarem os presos políticos nas celas de detenção solitárias. Os presos iniciaram uma greve da fome durante uma semana. Os guardas da prisão que os presos nas solitárias seriam alimentados e pediram para nos alimentar-mos também. Uns dias a seguir, todos os presos foram juntos e informados que deveríamos aprender o hino nacional chinês e que nos era pedido que o cantássemos juntos. Nenhum dos prisioneiros seguiu as ordens, e como resultado os guardas começaram a bater-nos um a um. Mesmo assim nenhum de nós cantou o hino. Os guardas então chamaram a polícia de choc (PAP - peoples arm police) que começaram a bater cada prisioneiro, e um deles bateu-me na boca com uma barra metálica. Os meus dois dentes da frente saíram e comecei a sangrar com abundância. Cuspi o sangue para a cara do guarda. Ele estava zangado e bateu-me ainda mais. Perdi consciência e quando recuperei os meus sentidos, eu estava na clínica da prisão há sete dias em coma. Fui então posta em solitária durante onze meses num estado meio-morto, meio-vivo.

No dia 20 de Março de 1999, quando os meus cinco anos de prisão terminaram, fui tirada da cela solitária e levada para o escritório da prisão. Os oficiais avisaram-me de que não podia falar dos incidentes na prisão ao mundo exterior. Fizeram-me escrever uma carta concordando com os termos deles, e puseram a minha impressão digital no fim. Continuaram a intimidar-me com severas consequências se eu não comprisse as instruções deles. Dois oficiais da PSB (Gabinete da Polícia de Segurança) do condado de Phenbo deixaram-me na minha casa e disseram ao meu irmão que eu não estava autorizada em movimentar-me e fizeram-no assinar um papel concordando com a órdem.

Fui admitida no hospital durante um período de longa duração mas, antes que eu recuperasse completamente, a minha família tirou-me de lá por não poder pagar os custos médicos exorbitantes. O meu mosteiro foi avisado que eu não podia voltar e eu não podia encontrar nenhum emprego para a minha subsistência. Em 2002, eu e mais Nyima, tivemos uma pequena barraca de comida em Lhasa Ramoche mas um mês depois, três oficiais da PSB da PSB da cidade de Lhasa deram-nos órdem para fechar a barraca dizendo que era um ponto de encontro para "reacionários". A vida é muito difícil para ex-prisioneiros políticos. Eles não arranjam emprego em cooperativas e negócios privados. As autoridades não emitem certificados de registo ou qualquer outra autorização se eles querem montar pequenos negócios por eles próprios. É o fim de uma pessoa no Tibete se ele ou ela tem qualquer activismo político como antecedente."

in "Kuxing: Torture in Tibet. A special report", The Tibetan Centre for Human Rights and Democracy

No comments: